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Míriam Castro | Aquela boa abertura de anime

Como uma música pode reviver memórias e algumas canções clássicas

11.05.2015, às 22H12.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 23H05

Na quarta passada, fiquei muito chateada por um motivo qualquer. Parei de trabalhar um pouco e olhei as notícias. Vi que tinha saído o trailer de Digimon Adventure Tri. Pra quem não sabe, vão lançar uma série de seis filmes em homenagem aos 15 anos do primeiro anime. O primeiro se chama Saikai ("reencontro") e estreia no Japão em 21 de novembro. Vai mostrar os digiescolhidos originais em uma versão mais velha.

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Eu já sabia do projeto e abri o trailer como quem não quer nada. Vi Tai pegar o digivice e seus óculos. As primeiras notas de uma música soaram e pensei que seria estranho ver esses personagens sem Butterfly tocando ao fundo. E aí começaram os acordes de Butterfly na guitarra. Meu dia melhorou naquele segundo.

Tirando três ou quatro frases do Taichi, o trailer não tem falas. A maior parte é formada pelos personagens e os nomes de seus dubladores. A versão de Butterfly é instrumental, sem as notas que seriam preenchidas pela voz de Wada Kouji. Mesmo sem palavras, o vídeo me convidava a recordar todos os momentos que passei ao lado dos digiescolhidos na infância.

Quando era pequena, era agraciada todas as manhãs por uma melodia completamente diferente. Vocês sabem do que eu estou falando: Digimons, digitais, digimons são campeões. E alguém teve a brilhante ideia de colocar a Angélica de cosplay de Sora. (A Eliana também fez uma do Pokémon, vale a pena ver.) Butterfly tocava rapidinho na prévia do episódio seguinte, se não me engano. Só descobri a abertura original alguns anos depois.

Pensei em como a música me entusiasmou e trouxe lembranças de um anime mesmo sem ter sido a que eu ouvia na infância. Queria descobrir o que torna uma animesong memorável a ponto de sobreviver às temporadas ano a ano e se tornar um clássico.

Poderia ser a letra, mas algumas grandes aberturas são praticamente instrumentais, como a de Cowboy Bebop. Ou em latim, como a de Elfen Lied. E muitas têm letras com pouco sentido ou inglês gratuito espalhado pelos versos. Mas às vezes a letra tem importância. No caso de Puella Magi Madoka Magica, a abertura parece bobinha e ingênua comparada ao tom da história. Até que, no episódio 10, vira encerramento e a letra passa a fazer perfeito sentido.

Pode ser a melodia, mas músicas de anime são extremamente ecléticas. Pop e rock agitados são os mais comuns, mas nada impede uma abertura em rap, como a de Samurai Champloo, ou uma canção imersiva em Serial Experiments Lain.

Uma última opção poderia ser como a animação desse trecho e a música estão integrados. Com certeza é ótimo ver cenas de ação fluidas e integradas com a letra como nas aberturas de Fullmetal Alchemist. Mas alguns animes mais antigos não têm esses recursos e suas openings são admiradas - o próprio Digimon Adventure é um exemplo.

Não consegui deduzir qual é a proporção ideal entre esses três elementos para fazer uma boa abertura de anime. Decidi listar algumas que acho que alcançaram o sucesso. Nem todas são minhas favoritas, mas todas são boas aberturas:

Puella Magi Madoka Magica - Connect

O clima feliz é para atrair os desavisados, mas a letra se encaixa perfeitamente à história conforme as revelações. A melodia também é marcante.

Ano Hi Mita Hana no Namae wo Bokutachi wa Mada Shiranai - Aoi Shiori

A animação é bem integrada com a introdução da música e o próprio enredo: o piscar e desaparecer dos amigos em duas fases da vida. É emocionante sem ser necessariamente triste. As lágrimas vêm de felicidade e pesar, de saudade de um tempo melhor - exatamente o que sentem os personagens.

Fullmetal Alchemist: Brotherhood - Again

Cheia de ação, como toda abertura de FMA. Os movimentos são fluidos e os lábios dos personagens se encaixam na letra. A emoção da cantora, Yui, reforça a nostalgia instantânea que foi ver essa abertura para os fãs do mangá e do anime anterior.

Cowboy Bebop - Tank!

Um jazz meio latino e praticamente nenhuma letra. Mas ninguém esquece o "3, 2, 1, let's jam!" do começo. As cores e sombras de personagens correndo já indicam que as naves espaciais vão estar em uma história com inspiração mais clássica.

Serial Experiments Lain - Duvet

Assim como a de Cowboy Bebop, começa com poucas palavras memoráveis, mas as semelhanças param aí. A música introspectiva da banda inglesa Bôa combina com o trecho animado mostrando as identidades de Iwakura Lain.

E para você, o que faz uma abertura de anime ser boa ou memorável? Qual é aquela que sempre terá um lugar em seu coração? Diga aí nos comentários.

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Resposta da coluna anterior: Tayuya (porque a Hinata já estava ocupada) e Hinata. A maioria acertou ;)

 *Míriam Castro é repórter do Estado de S. Paulo e, nas horas vagas, vê anime e fala besteira no Twitter, no mikan³ e agora também no YouTube.

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