Se você perguntar para o Theo, 6 anos, quais os filmes favoritos dele, é bem provável que no Top 10 três sejam estes: Indiana Jones e o Templo da Perdição, Goonies e De Volta para o Futuro. O primeiro é de 1984 e os outros dois são do ano seguinte, muuuitos anos antes dele nascer. O que isso prova? Que os filmes de hoje não são tão bons quanto os de antigamente? Ou que eu, no papel de pai, estou mostrando para ele coisas que eu assisti quando era mais novo e marcaram minha vida? Acho que um pouco de cada.
E um estudo mundial da Netflix que está sendo divulgado hoje - e que esta coluna teve acesso em primeira mão - comprova que o Brasil é um dos países onde esta “herança cultural” é mais marcante. A pesquisa mostra que 94% dos pais entrevistados já apresentaram ou pretendem mostrar aos filhos os desenhos que viam durante a infância. 93% das mães responderam a mesma coisa para séries que viram quando criança.
Não é à toa que Chaves, Carrossel, Tom e Jerry, Ursinhos Carinhosos e Moranguinho estão entre os mais vistos dos canais infantis do serviço de streaming, prova desta ligação que se forma entre pais e filhos. E também não quer dizer que o caminho seja de mão única. 78% das mães entrevistadas disseram que também assistem às séries que seus filhos apresentam. Eu, por exemplo, fui apresentado recentemente a Phineas e Ferb, Pocoyo, o fenômeno Peppa Pig e tantos outros.
Mas voltando ao passado, sim, é verdade que rever os filmes, séries ou animações que ajudaram a formar o meu caráter é uma forma de revisitar por alguns minutos a minha própria infância. Mas o mais importante aqui é poder sentar ao lado dos meus filhos e ficar com eles curtindo, tirando dúvidas, explicando alguma piada que eles não entenderam ou servindo de piloto de controle remoto para as cenas que dão medo.
É um período de tempo muito interessante também para ver as reações das crianças e assim aprender um pouco mais sobre eles. Quando coloquei E.T. - O Extraterrestre para o Theo pela primeira vez, ele chorou na mesma cena que eu chorei quando vi o filme no cinema. Prova de que o filme funciona até hoje (com rifles ou walkie-talkies nas mãos dos policiais). Outro exemplo foi Bambi, que nós vimos semana passada. Eu não lembro de quando vi este clássico da Disney pela primeira vez, mas já ouvi minha mãe me dizendo várias vezes que eu fiquei chocado quando o pequeno veadinho fica órfão. Já a Liz, aparentemente muito mais durona que o Theo e eu, tirou de letra e só soltou um “ah tá” quando eu disse que "o caçador malvado matou a mãe do Bambi”.
Ser pai, afinal, é transmitir aos seus filhos tudo o que você aprendeu de bom com os seus pais e também na vida. E tentar passar para eles as lições aprendidas de quando as coisas não dão tão certo assim. Os filmes são uma ótima forma de levantar alguns pontos polêmicos ou simplesmente trazer à tona a diferença entre o certo e o errado.
Mas, acima de tudo, talvez seja um pouco de autoafirmação. Como os pais que forçam os filhos a torcerem para o mesmo time desde a maternidade, os pais e mães nerds (e dos tios, padrinhos, etc.) fazem de tudo para seus pequenos sejam fãs de Goonies, Indiana Jones e De Volta Para o Futuro.
Semana passada conversei com Sandra Bullock, que empresta sua voz para a vilã do filme dos Minions, e ela falou dos filmes que já mostrou para seu filho Louis. Veja:
E você, também curte ver filmes com seus pequenos? Quer compartilhar sua lista? Indique nos comentários abaixo.
