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Jacidio, who? | Avicii: Como o DJ sueco ajudou a cunhar e revolucionou a EDM

Veja também como os DJs se mantêm na ativa depois dos 40 e novidades de Jamie xx, novo disco do Above & Beyond, Moby ao vivo e muito mais

23.04.2018, às 15H19.
Atualizada em 30.04.2018, ÀS 04H05

Oi, tudo bem com vocês? A sexta passada foi pesada e falar sobre um jovem artista que morre nunca é uma das coisas mais agradáveis do mundo, né? Porém, o que fica é sempre sua obra e Avicii é um daqueles nomes que vai permanecer. 

facebook/reprodução

Em todo caso, por que Avicii foi tão importante para o EDM? De entrada é importante definir o termo EDM, já que ele significa tanto uma sigla para todo o universo da música eletrônica (cunhada nos Estados Unidos) quanto a definição das sonoridades mais pop, apresentadas em festivais e rádios.

Quando Avicii, Tim Bergling, surgiu para a cena da música eletrônica, sua aposta foi inovadora. Ele conseguiu ingressar nas rádios e festivais ao redor do planeta, deixando de lado a fórmula - que até hoje permanece vigente (dos drops infinitos) - e inseriu organicidade e uma infinidade de elementos, até então impensáveis para o mainstream.

A música que o alçou ao estrelato mundial (ou do ponto de vista de mercado, o lugar mais importante do planeta, nos Estados Unidos) foi “Levels”. A partir deste momento, em 2011, a cena da EDM crescia de forma absurda na terra do Tio Sam, os shows e os cachês começavam a decolar sem referência, e Tim estava na crista da onda. Avicii foi, possivelmente, o nome responsável por ajudar a cena EDM norte-americana a se anabolizar e também a elevar os pagamentos dos DJs para a casa dos seis digitos, de acordo com o The Guardian.

Em 2012, quando seu nome se estabeleceu nos EUA, ele realizou 26 shows em 27 dias atravessando o país de ônibus. E com essa intensidade fora do comum, o menino de 23 anos, deu seu passo definitivo rumo ao céu/inferno da música eletrônica. Até, falando sobre inferno, o nome escolhido por ele (avici) significa o nível mais baixo do inferno no budismo...

Ainda antes de seu sucesso arrebatador, o artista, assinando como Tim Berg, já havia criado a absurda “Seek Bromance”  (sem dúvida você já ouviu essa música alguma vez na vida), “My Feelings for You” (com sua sonoridade especial e ideal para uma pista sem limites) e “Fade to Darkness” (outra daquelas faixas que entram no cérebro e nunca mais vão embora) e isso mostrava o quão intensa era sua busca por renovação sonora e seu pensamento fora das fórmulas.

A partir daí, quando falamos de música e arte no geral, sempre pode acontecer um desgaste, não é mesmo? Manter o nível de criação fora da caixa, inovando e entregando tudo que você tem pode ficar complicado, mas Avicii continuou criando melodias únicas, reconhecidas em qualquer parte do planeta, graças à peculiaridade de suas escolhas. Em 2012, em sua estreia como artista principal no Ultra Music Festival, em Miami, ele levou Madonna ao palco. Simplesmente algo impensável para qualquer outro produtor. Nem mesmo David Guetta, e todos os seus contatos, conseguiu este feito. Mas isso ainda não era nada perto do que ele iria fazer. Em 2013, Avicii alcançou o auge de sua carreira, com o álbum True. Cheio de referências marcantes e completamente inovador, “Wake Me Up” e “Hey Brother” se consolidaram como apostas ousadas, com vocal e elementos da country music (algo impensado para qualquer outro produtor),  e que - após o rápido estranhamento inicial - simplesmente tocaram como se não existisse outra música nas rádios de todo o planeta.

Mas como discutido há um bom tempo, as condições para um DJ chegar e se manter como um rockstar (a única palavra capaz de definir o tamanho que Avicii alcançou) global é algo sobre-humano. O sueco, entre 2011 e 2016 tocou algo em torno de 220 sets em 261 semanas. Para cada momento desse ainda tem o tempo de deslocamento, os jet lags, o tempo no estúdio…

Avicii tentou levar tudo ao máximo, mesmo tendo confessado por algumas vezes que era um cara tímido e que gostava de ser reservado. Seu segundo disco, Stories, lançado em 2015, não conseguiu o mesmo impacto de seu primeiro lançamento, mas o manteve em destaque. Em 2016, depois de diversos cancelamentos de shows, dias no hospital, problemas com álcool e tudo mais que uma rotina tão desafiadora pode trazer - a ponto de seu documentário, Avicii: True Story, apresentar um momento com o DJ completamente perdido, sem saber qual o dia da semana e onde está -, ele decidiu se afastar das turnês. Demitiu seu agente e começou uma nova fase, parou por um tempo para viajar e descansar até retornar, em 2017, com o EP Avici, com o qual ele afirmou que seria o primeiro de uma série.

Infelizmente, Tim teve sua vida e carreira encerrada prematuramente, aos 28 anos, na semana passada. Quando não existe o medo de ver até onde se é possível chegar, criar obras originais e impactantes se torna algo realmente possível, e ele sabia muito bem como fazer isso. Foram 10 anos, entre sair do quarto, dominar o mundo e deixá-lo. De qualquer forma, fica a obra do produtor e mais um alerta para quem vive essa vida absurda que é ser um DJ profissional, tocando em duas festas por noite, submetendo o corpo ao limite… Abaixo, em homenagem a Tim, você pode ouvir a estreia do produtor no Essential Mix, da BBC Radio 1, em 2010. Sem dúvida um dos momentos mais bacanas na carreira de qualquer DJ e no qual Avicii já era capaz de mostrar todo o seu jogo musical. Dá o play e vai.

Above & Beyond lança disco Acoustic Live At The Hollywood Bowl

O terceiro disco da série acústica do trio inglês, Above & Beyond foi lançado esta semana e é um gracejo aos ouvidos. Caso você já tenha ouvido os dois álbuns anteriores, gravados com uma pegada mais contida, vale separar um tempo bacana para apreciar esse novo projeto que consegue misturar tudo que o A&B tem de melhor: Sons cuidadosamente encaixados e uma audiência apaixonada. O disco sai em conjunto com o documentário, Giving Up the Day Job (veja o trailer abaixo), mas que por enquanto está disponível somente na Apple Music.

O disco disponibilizado nas plataformas digitais conta com 19 faixas - mais de 1h30 de show - e é emocionante do início ao fim. Pode dar o play sem medo e se abrir para toda a calma e beleza que a música pode te dar.

DJs de meia-idade contam em entrevista ao The Guardian como mantém a alta performance nas pistas

Para início de conversa, eu acho o termo “meia-idade” um pouco ruim… Mas como não encontrei nenhum capaz de unir pessoas entre 35 e 45 anos (além também), esse vai ser o termo usado.

Mas vamos aos fatos, hahua. À medida que a cena da música eletrônica evolui e se expande, torna-se menos complexo ter uma carreira longeva de alto nível. No entanto, a idade chega para todos e com DJs e produtores cada vez mais jovens surgindo, sempre surge a questão: Como os profissionais próximos dos 40 anos se mantém firmes na noite?

Em 2017, uma pesquisa da Currys PC World  sugeria que sair para uma noite de música em um club era algo totalmente não recomendável para pessoas com mais de 37 anos. Sério. Agora o The Guardian foi lá e perguntou para as pessoas diretamente envolvidas nessa bronca, os DJs, e descobriu que a disciplina é a melhor amiga de quem planeja continuar tocando por um bom tempo.

Um dos entrevistados, o promoter e DJ Luke Cowdrey, atualmente com 51 anos, conta que nessa nova fase da vida já tocou em Berlim, às 7h da manhã, tomando só Red Bull, café, e usando seu descongestionante. Colin McBean, de 56 anos, cita a yoga como seu motor para se manter na ativa. Anja Schneider, além de comentar sobre sua forma de se manter bem, também comenta que a história de que todos os DJs são festeiros é um mito. “Grande parte deles [passa bastante tempo] se dedicando ao seu trabalho”. E ela segue, “Eu não vejo uma razão para parar (de tocar) porque sou mãe. Eu não posso renegar meu primeiro amor, a música. Mas o tempo é limitado. Prioridades mudam. Eu agora prefiro passar o domingo com meu filho invés de ir ao clube."

No final das contas, o negócio é a gente saber o quanto aguentamos, o quanto vale ver um artista tocando ou ser o artista que toca. Até porque, nossas prioridades são definidas por nós mesmos, certo? Você pode ler o texto na íntegra direto no site do The Guardian.

Jamie xx e SebastiAn são os responsáveis pela trilha sonora do novo longa de Romain Gavras, The World Is Yours

Quase toda semana eu bato na mesma tecla, os criadores de música eletrônica estão ampliando bastante suas possibilidades de trabalho e este é o caso de Jamie xx, o responsável pelas camadas sonoras do The xx. Ele, em conjunto com o músico francês SebastiAN (responsável por produzir faixas para Frank Ocean), é o responsável pela trilha sonora do novo longa de Romain Gavras, The World Is Yours, que estreia no Festival de Cannes deste ano.

Vale destacar que Romain também é conhecido por seu trabalho com vídeos para músicas como o polêmico clipe de “Born Free”, com M.I.A, “Stress” do Justice, a pérola “Gosh” do Jamie xx (veja esse clipe, sério!!!) entre outros. No cinema, seus trabalhos costumam chocar ou pela temática ou pela forma como apresenta sua história. Logo mais a trilha deve estar disponível pra gente saber até onde vai a criatividade de Jamie.

Lançamentos e descobertas da semana

Monoverse entrega um set absurdamente inspirado para a série Radar da Dancing Astronaut

Descobrir gente nova fazendo coisas incríveis é uma das paradas mais bacanas da vida e essa semana quem surge por aqui, graças a curadoria da Dancing Astronaut é o produtor Monoverse. Conhecido como produtor de Trance e Progressive, mas com uma sonoridade capaz de emular timbres, tempos e conexões bem mais amplas, o jovem norte-americano entrega um mix especial para a DA, cheio de nuances e sentimentos e mostra o porquê de ter materiais lançados por gravadoras como Future Sound Of Egypt, Armada Music.

Um daqueles momentos que a gente não quer que acabe. Como de costume: Dá o play e deixa a música te levar. Pra saber um pouco mais sobre o produtor e seu som é só acessar o site oficial.

Moby - Boiler Room

Hoje eu tô o louco dos sets. Moby compartilhou uma apresentação incrível com a Boiler Room e tocou na íntegra seu novo disco, Everything Was Beautiful, And Nothing Hurt, e também alguns clássicos. São quase duas horas de uma performance impecável e que, como sempre, mostra como a música eletrônica - ou com elementos eletrônicos - pode ir muito além do básico. Dá o play, sério.

Set/dica nacional da semana - Victor Oliver & Vicentini -VoV Seasons: Autumn

Já falei deles aqui ano passado e agora os meninos do Paraná retornam com um set elaborado para trazer as sensações do outono para os nossos ouvidos. Set construído com tranquilidade, sem pressa e que abre com uma pegada mais próxima de um esquema pop e surpreende até chegar ao final. Um belo caminho pra te guiar, de verdade, pelo outono. Mix de gente grande, então dá o play e vai.

Por hoje é só. Aproveitem a semana, dancem, descansem, se conectem e a gente fala mais na semana que vem, beleza? Hasta la vista!!

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Confira os destaques desta última semana

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