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Por dentro de Vingadores - Guerra Infinita: uma conversa com Pantera Negra, Senhor das Estrelas e Hulk

Visitamos o set do maior filme do Marvel Studios e conversamos com o elenco

02.04.2018, às 10H00.

Fazia quase duas horas que estava no set de Vingadores: Guerra Infinita. Até aquele momento, não havia sinal de que a aura surreal daquele dia terminaria. Depois de conversar com os roteiristas da próxima aventura da equipe da Marvel (leia aqui) e com o trio Star-Parker-Thor (leia aqui), chegava a hora de falar com outros três atores. Esse era um grupo diferente e que nunca se encontrou na tela. Pantera Negra, Hulk e o Senhor das Estrelas. Ou se preferir: Chadwick Boseman, Mark Ruffalo e Chris Pratt.

Divulgação

Pela mesma porta que os outros artistas saíram, entra Ruffalo, com uma roupa civil, preta e sem os pontos de captura de movimento. Em seguida aparece Chadwick Boseman, também de roupa preta, mas de realeza. O ator surge no galpão das entrevistas com o manto do Pantera Negra, sem o capacete. A textura, os detalhes e o brilho das pontas prateadas reluzem na hora em que ele senta na cadeira. Logo depois chega Pratt, vestido como Peter Quill. Jaqueta e calças de couro vinho, cheio de machucados no rosto, cabelo organizadamente despenteado e uma barba curta, mas com corte diferente do visto em Guardiões da Galáxia Vol. 2.

O fato de ver os três juntos naquele dia incitou a primeira indagação: será que veríamos aquele mesmo trio na telona? "Nós estamos aqui agora, então sim, nós estamos trabalhando juntos", diz Boseman, que parece o mais cansado dos três, apesar de ser cordial nas respostas. "Não existe um momento especial para essa combinação [de personagens], até por que há gente demais nesse filme. Todo mundo interage", comentou Pratt. "Se você conseguir atuar dois minutos junto com outra pessoa, outro herói, já é muita coisa, para você ter uma noção", complementou Ruffalo.

De repente, Pratt começa a se mexer do lado esquerdo da mesa. Ele se abaixa e pega um saco plástico. Dentro dele, um recipiente de vidro com uma espécie de salada de atum. "Gente, me desculpem, mas vocês se incomodam se eu começar a comer? Estou há horas sem almoçar", disse o ator. Não houve objeção e o Senhor das Estrelas caiu em cima da tigela de salada. Boseman dá um risada e Rufallo consente. Todo mundo está visivelmente à vontade, mas as milhares de horas no set começam a transparecer. Naquele dia, todos gravaram cenas de Guerra Infinita e Vingadores 4. A maratona está perto de terminar, mas o “pique final” sempre é o mais desgastante.

Chamo o Pantera. Ou melhor, Mr. Boseman. Este é o terceiro filme dele no Universo Marvel, mas diferente da maioria dos personagens, o Pantera tem um papel central na Guerra Infinita e na mitologia do estúdio como um todo. Como será a participação dele dentro deste novo mundo? "É complicado responder isso sem entregar alguma coisa, mas… O Pantera precisa se encaixar nesse papel de político, diplomata, herói e animal ao mesmo tempo. Ele não só é uma peça que está dentro dos Vingadores, ele também abre uma possibilidade nova para eles. E claro, Wakanda está sendo apresentada agora", disse. Ele dá de ombros, como se dissesse que não há muito mais o que acrescentar. "Boa resposta", completa Ruffalo.

Quieto do lado direito da mesa, o Hulk tem a calma e o ar pacato que vemos Banner mostrar nas telas. Conhecido por dar spoilers e revelar segredos da Marvel, ele está mais contido. Bem humorado, mas contido. A próxima pergunta é direcionada a ele, que fala sobre o dever "social" que um ator tem. Engajado em causas políticas desde sempre, Ruffalo é o cara certo para falar sobre o assunto. "Minha professora de atuação sempre disse que ser ator é estar 100% consciente socialmente e que de alguma forma precisamos devolver isso para o povo. Fico feliz que possamos, de algum jeito, devolver isso para o público [com os filmes da Marvel]. E, querendo ou não, essas histórias são sobre heróis contra vilões e mais importante: heróis com falhas. Acho que é isso que Stan Lee entendia tão bem. Ainda mais na Marvel que na DC. Essas falhas é o que faziam tão humanos, pois mesmo com esses erros eles lutam pelo melhor", opinou.

A menção à DC trouxe à tona o questionamento: quem é seu herói preferido? "Acho que o Homem-Aranha, mas sempre ali disputando com o Batman. Não sei é ok falar isso, mas enfim...", disse Boseman. "É verdade, então...", interrompeu Pratt. "Eu gostava muito do Wolverine porque ele era baixinho e muito badass. E, claro, comecei a gostar muito do Hulk quando fiquei mais velho. Caçava todos os quadrinhos na casa dos meus primos para ler", completou Mark, enquanto Pratt se preparava para interromper, quando ele guardou a tigela da salada, agora vazia. "Na minha época, ali nos anos 1990, Wolverine e Justiceiro eram muito populares e eu tinha a sensação de que ou você era do time de um ou de outro. Eu acabei sendo do time do Justiceiro. Tinha quadros em casa e tudo mais", revelou.

"Chris...", chamo. "Sim...", ele responde. "Como será o papel de Peter Quill nesse filme? ele é um Guardião, não um Vingador. Pelo menos até agora. Como será essa inclusão?". Ele entorta um pouco o rosto, dá aquela discreta limpada nos dentes e manda um sorriso de canto de boca. Percebo que logo logo virá mais uma resposta na linha de "não posso revelar muito". Bem, não foi exatamente isso. "A participação dos Guardiões é diferente. É um ‘cameo’, uma participação especial. Então o senso de humor também é diferente. Entramos para dar um ar especial e algum tipo de humor e cor ao filme também. No fim das contas, é um filme dos Vingadores. Os riscos e a responsabilidade são maiores", respondeu.

Faltava só Ruffalo falar sobre Hulk e como o gigante vai mudar em Guerra Infinita. No filme anterior, Thor: Ragnarok, ele é o parceiro cômico do Deus do Trovão. Ele é sim ainda um guerreiro e, como o próprio Tony Stark definiu, o mais poderoso dos Vingadores. Mas como fica a situação agora? "Bruce Banner está diferente. Vemos uma versão mais burra dele, eu diria. É uma versão diferente de todos os filmes. Até tentei colocar mais humor, mas não é o tipo de situação e filme que pedia isso. O interessante é que já fiz umas cinco versões diferentes desse personagem. Existe um arco dele em todos esses filmes e isso é bem interessante, eu acho", complementou.

Por fim, o vilão virou a pauta. Há semanas Josh Brolin não aparecia no set. O trabalho de captura de movimentos havia terminado, mas diferente do que muita gente imaginou, o ator contracenou com diversos Vingadores. "Foi mais fácil atuar com Josh porque ele estava aqui. Mesmo que não tenha falado muito com ele, quando aconteceu foi melhor, pois hoje podemos interagir com pessoas. Com certeza é algo que faz diferença, ter um ator no set. Mesmo em Guardiões, com Rocket e Groot, sempre tinha alguém ali", disse Pratt. Boseman completa dizendo que "não era possível olhar direto no olho dele" devido ao tamanho de Thanos. Em cima da cabeça dele existia um ponto para onde os atores tinham que olhar, fazendo com que a cena final ficasse crível. "Não é como se estivessemos em salas separadas, mas é diferente. Eu ouço a voz dele, mas não olho no olho. É diferente, é isso. É diferente".

O assessor, ou mensageiro das más notícias, aparece ao lado de Chris Pratt. É certeza que a entrevista vai acabar. Por último, Ruffalo fala que nada na Marvel, nem no cinema de heróis se assemelha ao que Guerra Infinita mostrará. "Teremos muitas cabeças explodindo, muitos cérebros no teto e muita bagunça. Leio o roteiro toda vez e penso como será a reação das pessoas. Teremos muitas lágrimas também, com certeza", falou. "É como uma festa de fogos de artifício. Um show completo", disse Pratt. O Pantera levanta da cadeira lentamente, dá um sorriso e só completa dizendo que "é isso aí". O trio se encaminha para a porta, Ruffalo cumprimenta todos e Peter Quill carrega sua marmitinha dentro do saco plástico novamente. Depois da breve pausa, é hora de voltar a combater Thanos.

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