Filmes

Crítica

A Repartição do Tempo | Crítica

Filme de Santiago Dellape sabe o que quer, mas é ofuscado por atuações artificiais

01.02.2018, às 16H30.
Atualizada em 05.02.2018, ÀS 15H40

Após uma carreira de curtas premiados em festival, o diretor brasiliense Santiago Dellape tenta a sorte na telona com Repartição do Tempo, uma comédia sci-fi despretensiosa sobre algo muito próximo da realidade de todo brasileiro: burocracia e serviços públicos.

Ambientada em Brasília, a trama acompanha uma repartição pública responsável por patentear invenções que é pouco funcional, burocrática demais e piada na mídia. Isso faz com que o patrão Lisboa (Eucir de Souza) utilize uma máquina do tempo, encontrada no estoque do escritório, para criar uma linha do tempo paralela onde os funcionários são escravizados para trabalhar 24 horas por dia. Assim Jonas (Edu Moraes), um dos empregados, precisa encontrar uma forma de fugir e pedir ajuda para a sua outra versão.

Apesar da inspiração em Feitiço do Tempo (1993), o filme usa esse aspecto de ficção científica apenas como plano de fundo para brincar com o cotidiano de escritório e dar alfinetadas na cultura funcionalista brasileira. É um humor muito específico, que não só é preciso ter conhecimento de trabalho público como também saber rir das dificuldades, como a ineficiência do estado para se organizar e servir a população. Nesse aspecto, Repartição do Tempo acerta em cheio ao divertir sem politizar, mesmo tratando de política pura.

O foco é recorrente no longa, que parece muito seguro de sua estética e tom, mirando em algo desprendido, descolado e autodeclarado “filme de Sessão da Tarde”. O que deixa a desejar são as atuações, quase todas medíocres ou decepcionantes. Mesmo o roteiro, escrito com a naturalidade de conversas cotidianas e reações espontâneas, é ofuscado quando as falas são entregues e interpretadas da forma mais artificial o possível. Mesmo Lisboa, o chefe cuja única característica de personalidade é estar sempre irritado, faz momentos sérios parecem vergonhosos e os cômicos apenas esquecíveis e apagados.

Repartição do Tempo coloca o entretenimento como objetivo principal. Ainda que tropece aqui e ali, no fim das contas é um filme que sabe como pegar um problema real e mostrá-lo para arrancar risadas, sem a missão megalomaníaca de mudar o país dessa forma.

 

Nota do Crítico
Regular
A Repartição do Tempo
A Repartição do Tempo
A Repartição do Tempo
A Repartição do Tempo

Ano: 2017

País: Brasil

Classificação: 16 anos

Duração: 100 min

Direção: Santiago Dellape

Roteiro: Santiago Dellape

Elenco: Sérgio Sartório, Sérgio Hondjakoff, Bidô Galvão, Dedé Santana, Tonico Pereira, Selma Egrei, Rosanna Viegas, Eucir de Souza, Andrade Jr., Bianca Muller, André Deca

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.