Filmes

Entrevista

Berlinale | Isabelle Huppert desconstrói a imagem da “mulher fatal” em Eva

Suspense de Benoît Jacquot traz a aclamada atriz na pele de uma garota de programa de luxo

17.02.2018, às 15H26.
Atualizada em 18.02.2018, ÀS 09H06

Existe uma lenda no cinema europeu de que não há como fazer um festival de filmes no continente sem ter Isabelle Huppert (de Elle) na programação – e a Berlinale alimenta esse mito com seriedade. Todo ano tem um longa-metragem com a atriz parisiense em destaque nas telas alemãs: o escolhido deste ano foi o suspense Eva, do francês Benoît Jacquot (de Adeus, Minha Rainha). A trama investiga a relação entre um dramaturgo (Gaspard Ulliel) e uma femme fatale duas décadas mais velha (e mais sábia) do que ele, a tal Eva (Isabelle), uma garota de programa cujo ar misterioso pode levar o rapaz à ruína. A trama vem de um romance de James Hadley Chase, filmado em 1962 pelo cultuado cineasta Joseph Losey (1909-1984), a quem Jacquot presta homenagem a cada plano de sua nova produção, indicada ao Urso de Ouro.

Guy Ferrandis/Imdb/Divulgação

“Benoît é um cineasta que celebra a imaginação, capaz de filmar almas, para além de corpos. Por isso, não enxergo Eva como uma femme fatale clássica. Ela não é fatal pra mim, pois não faz o que faz propositalmente e sim pelas circunstâncias”, disse Huppert ao Omelete, declarando sua simpatia ao movimento #MeToo, que defende o pleito por maior respeito às mulheres no cinema (e na vida).

Existem muitas semelhanças entre Eva e Michèle, a empresária vivida por Isabelle em Elle, de Paul Verhoeven, sucesso de público e crítica que deu à francesa uma indicação ao Oscar: ambas ocultam uma brutalidade à flor da pele sob o jeitão dominador que ostentam. Na versão de Losey, Eva foi interpretada por Jeanne Moreau (1928-2017).

“O cinema busca o invisível, é uma arte dedicada àquilo que não está na nossa cara”, disse Huppert.

Neste domingo, a Berlinale recebe uma polêmica anunciada de DNA brasileiro: José Padilha exibe pra imprensa amanhã (dia 18) seu olhar sobre o conflito entre Israel e Palestina impresso no thriller 7 Dias em Entebbe. Daniel Brühl (Capitão América: Guerra Civil) e Rosamund Pike (Garota Exemplar) vivem os terroristas alemães que sequestraram um avião tripulado da Air France, saindo de Tel Aviv para Paris em 1976. Há dez anos, o cineasta carioca ganhou o Urso de Ouro na capital alemã com Tropa de Elite, mas, agora, seu novo longa entrou fora de competição. Na disputa pelo Urso de Ouro, a grande aposta deste domingo vem da Itália: Figlia Mia, de Laura Bispuri, com Valeria Golino (Top Gang – Ases Muito Loucos).

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