Filmes

Entrevista

Berlinale: "Movimento é uma marca desta cidade", diz Karim Aïnouz

Cultuado cineasta cearense exibe o doc Aeroporto Central no festival alemão, retratando o cotidiano de refugiados

16.02.2018, às 18H30.
Atualizada em 17.02.2018, ÀS 01H10

Um dos cineastas brasileiros de maior prestígio internacional, o cearense Karim Aïnouz voltou nesta sexta à Berlinale, onde concorreu ao Urso de Ouro há quatro anos com Praia do Futuro, para fazer uma declaração de amor à capital alemã em forma de um documentário sobre refugiados. Bastante aplaudido em sua projeção para a imprensa, numa tarde de frio a zero grau, Aeroporto Central acompanha a vida de sírios, afegãos e iraquianos que adotaram os hangares abandonados de Tempelhof como lar. O local foi um marco da aviação no III Reich, sob o jugo nazistas, e serviu como um símbolo da reconstrução de Berlim no fim dos anos 1940. Fora de operação para pousos e decolagens, ele serve hoje como instância de inclusão. 

Divulgação
"Este filme assume o aeroporto como seu personagem principal e parte dele para entender o que a cidade que o abriga virou. É um filme sobre movimento, algo adequado a um espaço como Berlim que foi reconstruído após a II Guerra e segue em mutação", disse Karim ao Omelete
 
Apoiado num dispositivo narrativa de observação sem entrevistas ou outras formas de intervenção, Aeroporto Central se desenha a partir da passagem dos meses e estações climáticas de um ano, mostrando como os refugiados se reinventam e recriam o local. A montagem abre deixa para poéticas tomadas de contemplação da geografia à sua volta. Premiado no Brasil por filmes como Abismo Prateado (2011) e Madame Satã (2002), ambos lançados no Festival de Cannes, Karim concentra neste novo documentário sobre a cidade onde vive há anos uma súmula da afetividade característica de seu cinema.
 
"Acho que estou sempre falando de reinvenções, de pontos de partida prum recomeço. Daí um aeroporto", diz o diretor, que exibe o filme neste sábado para o público alemão. "Berlim tem uma coisa que me lembra muito o Brasil e muitas outras culturas da América Latina, que é esse sentimento de estar sempre se descobrindo, procurando uma voz".
 
Neste sábado, a Berlinale confere, em competição, a releitura do cineasta francês Benôit Jacquot para o clássico policial Eva (1962), de Joseph Losey, tendo agora Isabelle Huppert (de Elle) como femme fatale.
 

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