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Deadpool 2 | Uma aula de uso da música em comédia

Longa comprova o que se ganha ao levar música a sério

18.05.2018, às 16H48.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H36

Um fator que não falta entre as críticas aos filmes de super-herói, principalmente ultimamente, é o fraco uso de trilha sonora. Aliás, são poucas mega produções atuais que sabem utilizar a música como instrumento substancial na narrativa, um dos motivos pelos quais Guardiões da Galáxia chamou tanta atenção quando foi lançado. O esforço real em criar uma atmosfera que valorize a música chama atenção e, quando bem feita, só traz vantagens. Neste sentido, desde Guardiões, poucos filmes fizeram uso da música tão bem quanto Deadpool 2.

Twentieth Century Fox/Divulgação

O primeiro filme do mercenário tagarela, lançado em 2016, já havia trazido uma base musical chamativa, tirando graça com uso de Neil Sedaka e George Michael, mas a sequência intensificou muito a musicalidade, e trouxe isso não apenas na quantidade de faixas na trilha sonora como em suas boas escolhas. Como o diretor do primeiro filme, Tim Miller, explicou à EW, isso vem em grande parte de Ryan Reynolds e dos roteiristas: “Reynolds, Rhett Reese e Paul Wernick tem um vasto conhecimento de cultura pop em geral, e em música em particular. E eles compartilham um amor especial por músicas de anos 80 e 90”. 

É interessante ver como um filme ganha ao levar a sério a tarefa de acrescentar música. Deadpool 2 deixou claro que isso seria feito desde o lançamento da música tema e a divulgação do clipe de “Ashes”, faixa original interpretada por ninguém menos que Céline Dion. A escalação de uma estrela da música deste naipe pode parecer piada no clipe, mas rendeu uma das melhores composições para filme de super-herói no cinema. Diga o que quiser do brega, mas "Ashes" tem tudo para ser indicada ao Oscar em melhor canção original. 

A criação da música veio de um desejo – mais do que louvável - do diretor David Leitch de introduzir uma canção emotiva na trama: “Eu queria criar uma música tema original que fosse conectada com os personagens. Não é apenas Deadpool, mas todos os personagens do filme tem uma emoção real, e vêm de lugares realmente genuínos” [via EW]. Quando os créditos de Deadpool 2 iniciam, em todo estilo de 007, com “Ashes” no fundo, a cena se destaca por um motivo específico: a falta que isso faz na maioria dos filmes.

[Spoilers leves de piadas e músicas abaixo]

Mas a importância da música em Deadpool 2 não se limita à música tema. O filme não perde por fazer referências musicais, ao utilizar a trilha de Logan, e até em insinuar um momento Homem de Ferro, quando “Thunderstruck”, do AC/DC, embala o salto da X-Force do avião. Piadas envoltas em referências musicais também não faltam; o mercenário fala da morte do dubstep, faz referência ao clipe de “Take On Me”, do A-ha, a semelhança da faixa “Papa Can You Hear Me?”, do filme Yentl, com “Do You Wanna Built a Snowman?”, de Frozen, além de menções diretas a David Bowie e Dolly Parton.

Quando o longa se aproxima de seu fim e a ação chega ao seu ápice, “Tomorrow”, do musical Annie, toca silenciando absolutamente toda a ação. A escolha de uma música cantada por uma jovem órfã no musical, com uma melodia quase infantil, atingiu perfeitamente o objetivo que Deadpool tem: ser emotivo, e ao mesmo tempo, ser tão inesperado que arranca risadas.

A trilha sonora de Deadpool 2 não tem um gênero específico. Ela passa pelo country, pop, rock de diversas épocas, musicais e, claro, dubstep, e isso tem um motivo claro: as músicas servem propósito das piadas, mas isto é feito com muito bom gosto. Seja qual for o veredito do público à sequência de Deadpool, sua trilha sonora é um exemplo perfeito de boa utilização da música, principalmente, em uma mega-produção de super-herói.

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