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Todo Mundo Quase Morto: uma homenagem à música

No aniversário do filme, relembramos como a habilidade evidenciada em Em Ritmo de Fuga já estava no primeiro longa de Edgar Wright

29.03.2018, às 13H45.
Atualizada em 30.03.2018, ÀS 17H04

Hoje, dia 29 de março, Todo Mundo Quase Morto, de Edgar Wright, comemora 14 anos do lançamento. E enquanto ultimamente o nome do diretor seja muito mais associado ao seu último filme, o indicado ao Oscar Em Ritmo de Fuga, a comédia zumbi de 2004 já havia trazido todos os elementos pelo qual Baby Driver é tão reverenciado.

Em Ritmo de Fuga foi um foco do diretor em uma de suas maiores qualidades: a habilidade de casar edição e música e tornar a trilha sonora quase como um personagem no filme. Mas apesar de menos óbvio, Todo Mundo Quase Morto fez isso diversas vezes na narrativa, e ainda evidenciou de diversos modos o amor de Edgar Wright pela música. Em entrevista, o diretor explicou bem: “Em Ritmo de Fuga é a culminação de algo que eu tenho feito há muito tempo, que é fazer a música motivar o filme, ao invés do contrário”.

Logo na cena dos créditos iniciais do seu primeiro longa de grande orçamento (porque ele já havia dirigido um longa barato, A Fistful of Fingers, em 95, nunca disponibilizado comercialmente e só lançado nos EUA 20 anos depois), Edgar Wright já exibiu seu traço característico. Todos os movimentos na tela são coreografados perfeitamente, com destaque para o garoto fazendo embaixadinhas:

Mas, quando se trata de coreografia, Todo Mundo Quase Morto traz o seu momento mais óbvio na cena  de luta embalada por “Don’t Stop Me Now”, do Queen, na seguência mais musical do filme:

E apesar de ter unido elementos musicais nos dois outros filmes da "trilogia Cornetto" (Chumbo Grosso e Heróis da Ressaca), nenhum outro filme de Edgar Wright até Em Ritmo de Fuga tinha homenageado tão fortemente a música (ou, possivelmente, Scott Pilgrim Contra o Mundo, mas este também não o faz do mesmo modo), não apenas pela coreografia. A música está presente por toda narrativa do filme, desde a saída dos dois personagens principais do pub, que cantam Grandmaster & Melle Mel contando com backing vocals de um zumbi, ou a dança ao som de "Hip Hop, Be Bop (Don't Stop)", até a cena onde os dois selecionam quais vinis podem ser jogados na defesa contra os zumbis. Para comparar com Em Ritmo de Fuga, o filme tem até uma sequência de carro ao som de “Meltdown”, do Ash. É uma cena curta, mas é impossível não perceber a semelhança. 

A capacidade de seleção musical e edição nos filmes de Wright é óbvia. Na realidade, o processo de criação de seus filmes não acontece sem o casamento direto com a música, algo que explicou ao Slash Film“Eu acho que isso vem de visualizar a ação enquanto eu ouço música. E isso vem desde que eu tenho 21 anos, depois do meu primeiro filme (...) Eu sempre ouvi música visualizando a ação, como sonhos e visões que chegam antes do personagem”. Hoje, apesar de não ser o filme mais musical de Edgar Wright, Todo Mundo Quase Morto ficou marcado como seu primeiro testamento do amor à música. 

Como uma última recomendação para quem ainda não conhece, mas gosta de saber sobre as raízes de Em Ritmo de Fuga, o último trabalho do diretor antes de Todo Mundo Quase Morto foi a primeira semente: o clipe de "Blue Song", do Mint Royale, sobre um assalto de banco, que foca na espera do motorista de fuga enquanto ouve uma música:

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