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Crítica

Mike Shinoda - Post Traumatic | Crítica

Mike Shinoda exorciza demônios e cria álbum terapêutico para si e para os fãs

15.06.2018, às 12H43.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H41

No ano passado, o Linkin Park perdeu seu principal frontman. Deixando uma legião de fãs devastada, a morte de Chester Bennington causou um longo período de luto no rock, e principalmente na banda. Até hoje, o grupo não sabe se continuará na ativa, e os integrantes ainda parecem perdidos em relação ao futuro.

Facebook/reprodução

Neste contexto, a outra figura mais proeminente do Linkin Park, Mike Shinoda, foi bombardeado de questões; para onde o Linkin Park iria, o que ele faria de sua carreira agora, e como se segue em frente depois de tamanha perda. Esta semana, o músico deu a resposta perfeita para as perguntas, na forma de seu álbum de estreia sob o seu próprio nome, Post Traumatic.

Esta não é a primeira vez que Shinoda produz sem os integrantes do Linkin Park, tendo trabalho em seu instável projeto paralelo, Fort Minor, desde 2005. Mas desta vez, ele decidiu lançar um álbum sob seu nome por uma razão muito específica: este seria um álbum absolutamente despido de grandes produções e instrumentações e escrito quase que inteiramente por ele mesmo. Com as 16 faixas falando sobre a perda de Chester e a incerteza do futuro, a decisão de lançar como Mike Shinoda foi muito bem feita. Deste modo, o vocalista conseguiu se mostrar tão genuíno quanto suas letras, e criar uma aproximação com os fãs, que precisavam de exatamente isto.

O disco inicia apropriadamente com “Place To Start”, uma faixa onde Shinoda questiona como continuar, e logo na primeira frase já revela sua honestidade, e deixa claro que, apesar de lidar com a morte de Bennington, Post Traumatic é sobre ele mesmo: “Eu fui definido por outra pessoa? Consigo deixar o passado para trás?”. Já a partir daí, o álbum é recheado de letras realmente cortantes. “Over Again” narra a noite em que a banda fez o show em tributo a Chester, “Crossing a Line” foca na incerteza do futuro e como cada decisão é uma cilada, “Hold It Together” trata da dificuldade de se manter bem na frente dos outros. Shinoda passa, faixa por faixa, tratando de um sentimento diferente relacionado a perda do amigo e colega de banda.

Em termos de sonoridade, Post Tramautic é surpreendentemente similar ao Linkin Park das antigas, quase que um equilíbrio entre o Linkin Park dos últimos álbuns com o trabalho de Fort Minor, mais centrado na batida eletrônica. Até por isso, o álbum servirá ainda mais como um consolo aos fãs de Linkin Park, de todas as suas fases, entregando faixas como “Watching As I Fall”, que remete muito aos primeiros discos do grupo. O trabalho é consistente por toda sua duração, mas traz ótimos destaques, como “Nothing Makes Sense Anymore” e dois grandes no fim, como “Running From My Shadow” e a ótima última faixa, “Can’t Hear You Now”, que fecha o trabalho com Shinoda justificando sua felicidade, e se auto-afirmando como um artista que continuará em frente.

Post Traumatic tem tanta relevância em seu lirismo e traz tanto peso em letras, que sua falta de inovação nas melodias ou arranjos não o prejudica. O disco serve seu propósito confessional perfeitamente, funcionando como um conforto tanto ao próprio artista quanto aos seus fãs. Shinoda entregou um presente e uma declaração honesta que servirá como base de qualquer coisa que ele fará daqui para frente. Ele exorcizou seus demônios em forma de arte, e justificou qualquer rumo que ele, ou que o Linkin Park, decida tomar.

Nota do Crítico
Ótimo

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