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"Voltei ao meu lado mais poético", diz o escritor Lourenço Mutarelli ao falar de O Filho Mais Velho de Deus e/ ou Livro IV

De laços rompidos com as HQs, ele lança romance sobre reptilianos na Terra

14.06.2018, às 13H02.
Atualizada em 15.06.2018, ÀS 09H29

Longe das livrarias há três anos, dedicado a seus compromissos com o cinema e a questões pessoais, Lourenço Mutarelli, do cult O Cheiro do Ralo, lança neste sábado um romance inédito. O Filho Mais Velho de Deus e/ ou Livro IV, editado pela Cia das Letras, será lançado no dia 16, às 17h, em São Paulo, no Bar Pompeu e Pompeia (R. Clélia, 233, Pompeia), com sessão de autógrafos. É uma história de amor sobre sexo anal, dietas para emagrecer e reptilianos, os ETs disfarçados de gente que ocupam lugares de comando na política mundial. Na trama, um sujeito cujo amigo mais querido faz de tudo para perder peso esbarra com a paixão, mas suspeita de que a moca possa ser um lagarto do espaço.

YouTube/Reprodução

“Bebo muito da minha infância, que não foi fácil, para distorcer, a partir de imagens da minha cabeça, o que já é torto na realidade, encarando o heroísmo sem qualquer crença nele. Ser herói é saber sobreviver”, define Mutarelli. “Acho que este é meu melhor livro pois gastei uns quatro anos depurando sua linguagem”.

É um derivado da coleção Amores Expressos, na qual escritores de diferentes pontos do Brasil escrevem sobre cidades variadas do exterior. Nova York foi a escolha do quadrinista que diz ter rompido suas relações com as HQs.

“Peguei alergia a quadrinhos depois de turma muito difícil para quem lecionei. Até parei de dar aulas e me desfiz da maior parte da minha coleção. Cansei dessa coisinha de HQ estar na moda num tempo muito chato, de muita correção política. Na literatura, não sei exatamente qual é o meu lugar, embora eu me sinta bem nela, cercado de amigos escritores. Faço uma literatura agradável mas na qual você precisa tapar o nariz para encarar”, diz Mutarelli, consagrado nos anos 1990 como um dos maiores desenhistas do Brasil, mas adotado pela crítica literária como sendo um transgressor. “Um dia, o Chico Buarque me elogiou em público dizendo que o Cheiro do Ralo levava uma estética de quadrinhos para a literatura. Mas acredito que ele saiba todo o preconceito que eu encarei por vir de outra mídia. Muitos escritores mais velhos torceram o nariz para o Chico, mesmo sendo o grande compositor que é, quando ele escreveu romance”.

Este ano, Mutarelli, que atuou no sucesso Que Horas Ela Volta? (2015), será visto em dois novos longas: Música Para Ninar Dinossauros, de Mario Bortolotto, e Sick, Sick, Sick, de Alice Furtado. Tem ainda uma exposição dos quadros de seu trabalho com pintura para fazer, no fim de novembro, no Sesc Pompeia. “Tenho pintado muito, numa linguagem que parte de colagens”, diz Mutarelli. “Acho que estou numa fase em que voltei ao meu lado mais poético”.

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