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The Walking Dead | Despedida mais importante da série abre portas para acertos na trama

Retorno do hiato confirma morte de personagem e abre espaço para reflexão sobre humanidade em um mundo selvagem

Omelete
4 min de leitura
26.02.2018, às 00H30.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

The Walking Dead voltou do hiato para, finalmente, jogar a última pá de terra sobre o corpo de uma dos personagens mais importantes da trama até então. Ao invés de voltar ao cabo de guerra polarizado por Rick (Andrew Lincoln) e Negan (Jeffrey Dean Morgan), o episódio inteiro se dedicou a mostrar Carl (Chandler Riggs) se despedindo da série através de uma narrativa emocionante e necessária para resignificar o futuro da trama. Em “Honor”, nono episódio da oitava temporada de The Walking Dead, a partida definitiva do jovem que era considerado o futuro da trama abriu, paradoxalmente, novas possibilidades no horizonte da série.

Divulgação/ AMC

Desde a terceira temporada, com a introdução do Governador (David Morrissey) e do povo de Woodbury, a série apresenta ano a ano a mesma dinâmica: a luta dos mocinhos para salvar o local onde eles vivem da fúria de sociopatas e de seus seguidores. Negan, apesar de ser introduzido na trama como o antagonista mais interessante do programa até então, não subverteu a lógica já extenuada de The Walking Dead e, aos poucos, o fator novidade do personagem foi sublimado pela sensação de repetição da trama. Apesar das decisões criativas da série sob o comando de Scott Gimple serem questionadas de forma recorrente pelos fãs, a morte de Carl pode ter sido o maior acerto dele desde que assumiu a produção executiva.

Mesmo no meio de todo o caos da guerra, a morte do herdeiro de Rick acontece em função daquele que deveria ser o único problema da humanidade desde a primeira temporada: os zumbis. Em dado momento, com o fim da civilização e dos pilares que sustentavam a sociedade, a trama se converteu em uma disputa de facções, trazendo os próprios sobreviventes como a ameaça primária. Nesse processo, alguns personagens acabaram se perdendo dentro de seu propósito: Rick, anteriormente um ético xerife, se tornou alguém capaz de combater atrocidades com mais atrocidades para garantir a própria sobrevivência e da família.

A mordida de um zumbi é importante, mas o contexto em que ela acontece também é. O rapaz não teria sido atacado por um morto-vivo se a guerra não houvesse cegado o pai a ponto dele expulsar Siddiq (Avi Nash) do posto de gasolina no começo da temporada. Carl morreu em função do próprio altruísmo, tentando salvar alguém que estava sozinho e perdido no mundo pós-apocalíptico. É curioso ver que, até o último momento, Rick demora a entender as motivações que levaram o filho a se arriscar por um desconhecido - ele pergunta se Carl sabia das habilidades médicas de Siddiq, por exemplo, buscando algo que justificasse o sacrifício do filho.

Curiosamente, o futuro da trama não está totalmente perdido e o episódio de retorno do midseason deixa isso bem claro. Sempre foi bastante óbvio que Rick precisava de um sucessor e Carl foi, até então, a escolha mais óbvia. Contudo, ele não é o único herdeiro do ex-xerife: Judith segue viva. Até então, a criança foi absolutamente irrelevante na série e tudo indica que, agora, será ela a responsável por suprir a ausência de Carl e, certamente, por assumir no futuro o legado que anteriormente estava relegado ao irmão mais velho. A cena em que Carl deixa o chapéu de xerife para a irmã é extremamente simbólica nesse sentido.

O episódio é claro, não gira exclusivamente ao redor de Carl. Paralelamente, é mostrada também a jornada de Morgan (Lennie James) e de Carol (Melissa McBride). Novamente, temos Morgan enfrentando os conflitos psicológicos que por um longo tempo estiveram controlados e que, agora, em meio à guerra, voltam a eclodir. Carol também volta ao que foi sua principal trama até então: a relação conturbada com crianças. Depois de Lizzie (Brighton Sharbino), Mika (Kyla Kenedy), Sam (Major Dodson) e, é claro, Sophia (Madison Lintz), parece que, dessa vez, a veterana usará o que aprendeu com os próprios erros na hora de ensinar Henry (Macsen Lintz) a encarar o mundo de zumbis sem perder a humanidade.

‘Honor’ é um dos episódios mais importantes das oito temporadas de The Walking Dead e recebe a atenção que merece. Os efeitos de “Honor” é bastante óbvio, mas precisa ser feito com delicadeza para que as mudanças psicológicas em Rick, Michonne (Danai Gurira) e nos demais não soem atropeladas. Mesmo com as críticas em relação à velocidade da trama que The Walking Dead recebeu até então, não dá para deixar de elogiar como a série consegue encaixar eventos separados por vários episódios e justificar todas as escolhas narrativas para construir uma trama coesa - alguns diálogos entre Rick e Carl no episódio exemplificam isso. Ao longo da temporada, será interessante ver não só a reconstrução de Alexandria, mas a retomada dos valores que fizeram de Rick um herói até agora. Ainda que o episódio revele que os flashbacks vistos até então não passavam de visões esperançosas de Carl, não quer dizer que eles não possam ser, de alguma forma, predições sobre o futuro dos sobreviventes.

O próximo episódio vai ao ar em 4 de março. No Brasil, o canal pago Fox se encarrega da transmissão do seriado.

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